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Pesquisadores do CTC-USP identificam novos potenciais alvos para o tratamento da leucemia mieloide aguda

Uma pesquisa realizada no âmbito do Centro de Terapia Celular (CTC-USP), publicada no periódico Molecular & Cellular Proteomics, contribui para a perspectiva do uso de proteínas adaptadoras como potenciais alvos para o desenvolvimento de fármacos no tratamento da leucemia mieloide aguda (LMA).

O artigo “The Expression of NTAL and Its Protein Interactors Is Associated With Clinical Outcomes in Acute Myeloid Leukemia” está disponível no link: https://doi.org/10.1016/j.mcpro.2021.100091. O estudo, coordenado pelos pesquisadores do CTC-USP Prof. Dr. Eduardo M. Rego (FM-USP) e Prof. Dr. Vitor Marcel Faça (FMRP-USP), foi conduzido pela Dra. Carolina Hassibe Thomé.

O trabalho identificou interações da proteína adaptadora Non–T cell activation linker (NTAL) em células de LMA utilizando a estratégia de imunoprecipitação – espectrometria de massa (IP-MS). O NTAL é altamente expresso em linhas de células neoplásicas hematológicas e linfoides e seu knockdown está associado à redução da proliferação e sobrevivência celular, com redução da carga tumoral em camundongos imunodeficientes, denominados camundongos NSG.

Pela ferramenta proteômica foram identificados interactores para NTAL, cujas assinaturas de expressão gênica mostraram-se correlacionadas as várias proteínas associadas com a sobrevivência global de LMA. Pacientes com alta expressão apresentaram assinatura molecular com características de stemness da LMA, processos moleculares relacionados ao núcleo das células-tronco com propriedades de auto-renovação e geração de descendentes diferenciados. A maioria dos interactores NTAL é diferencialmente expressa em amostras de pacientes com LMA em comparação com células-tronco hematopoiéticas saudáveis.

A leucemia é um tipo de câncer que afeta a medula óssea, responsável pela produção das células sanguíneas, como os leucócitos, plaquetas e hemácias. As células-tronco também são produzidas na medula óssea e passam por um processo de maturação e diferenciação para dar origem aos componentes do sangue.

Na leucemia mieloide aguda, as células-tronco mieloides, que dão origem as células sanguíneas, sofrem mutações genéticas formando os blastos, células que não conseguem amadurecer e se multiplicam descontroladamente prejudicando o desenvolvimento das células saudáveis. As mutações podem ser genéticas-hereditárias ou adquiridas durante a vida.

Os resultados obtidos pelos pesquisadores apoiam e estabelecem a relevância da proteína adaptadora NTAL e sua rede de interações de proteínas na biologia da LMA e na evolução do tratamento do paciente.

The Expression of NTAL and Its Protein Interactors Is Associated With Clinical Outcomes in Acute Myeloid Leukemia

Carolina Hassibe Thomé; Germano Aguiar Ferreira; Diego Antonio Pereira-Martins; Guilherme Augusto dos Santos; Douglas R. Almeida-Silveira; Isabel Weinhäuser; Gustavo Antônio de Souza; Roos Houtsma; Jan Jacob Schuringa; Eduardo M. Rego; Vitor M. Faça.

Seminário Online do CTC aborda a importância do Biobanco Hemocentro RP no avanço das pesquisas

O Centro de Terapia Celular (CTC-USP) promoveu o 5º Seminário Online no dia 19 de agosto, no canal do YouTube da TV Hemocentro RP. O encontro, ministrado pelo Dr. Rodrigo Alexandre Panepucci, teve como tema: “Biobanking 4.0: Aspectos Gerais da Implantação e Adoção do Biobanco Hemocentro RP”.

Os Biobancos têm um papel central para o avanço sistemático da pesquisa clínica e translacional. Recentemente, a Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto (FUNDHERP) aprovou a constituição do “Biobanco Hemocentro RP” junto a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) e assegurou recursos oriundos do Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (PRONON) para o estabelecimento de sua infraestrutura.

No seminário foram apresentadas as soluções técnicas e informáticas que permitirão a automação dos procedimentos envolvidos em toda a cadeia de processamento e armazenamento de espécimes clínicos e de seus materiais biológicos derivativos, incluindo: fracionamento, extração de biomoléculas, controle qualitativo e quantitativo, aliquotagem e criopreservação. Em especial, foi destacada a integração entre os equipamentos e os softwares de gerenciamento de dados, que garantirá a rastreabilidade e a acessibilidade aos materiais, dados associados às amostras e dados clínicos do paciente/doador de origem.

O palestrante é pesquisador do Hemocentro RP e do CTC-USP. Tem experiência na área de bioquímica e imunologia, com ênfase em biologia molecular e celular. Desenvolve estudos de expressão gênica em larga-escala (Microarray) e de High Content Screening voltados para o entendimento da biologia de células-tronco adultas (hematopoéticas e mesenquimais), células-tronco pluripotentes, neoplasias sólidas e do sangue (leucemias e linfomas), diferenciação de linfócitos T e Treg.

Assista a apresentação completa abaixo.

Perfil genético de tumores pode indicar melhor condução terapêutica em pacientes com câncer no cérebro

Maria Fernanda Ziegler | Agência FAPESP – Pesquisadores do Centro de Terapia Celular (CTC-USP) descobriram um conjunto de biomarcadores capaz de indicar quais pacientes diagnosticados com um tipo agressivo de câncer cerebral (glioma) teriam tumores com maior resistência à radioterapia. A descoberta, publicada na revista Frontiers in Oncology, pode auxiliar médicos na decisão sobre o tratamento mais indicado e com melhor prognóstico de sobrevida para os pacientes.

O glioma é o mais comum e agressivo câncer cerebral em adultos e seu tratamento consiste na remoção cirúrgica do tumor, seguida por quimioterapia ou radioterapia (ou os dois). O objetivo é eliminar o que não pode ser retirado na cirurgia e evitar, assim, que o tumor se desenvolva novamente. No entanto, devido à resistência das células tumorais ao tratamento, a taxa de sobrevida dos pacientes tende a ser baixa. Estima-se que 80% dos pacientes que passaram por sessões de radioterapia tiveram recidiva meses depois do tratamento.

“Com o estudo fornecemos um subsídio importante para uma potencial triagem de pacientes que devem ou não ser submetidos à radioterapia. É uma assinatura grande, identificamos 31 genes que quando alterados podem indicar resistência ou sensibilidade à radioterapia. Com isso, é possível verificar se existem células altamente resistentes ao tratamento por rádio na massa tumoral, o que pode auxiliar na tomada de decisão quanto à conduta terapêutica”, afirma Valéria Valente, professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Araraquara, e pesquisadora associada do Centro de Terapia Celular.

Os achados do estudo em laboratório foram confirmados com as informações de um banco de dados público (The Cancer Genome Atlas – TCGA) que contém a caracterização genômica e informações clínicas de pacientes que tiveram glioma e que demonstraram sensibilidade ou resistência à radiação.

Confira a reportagem completa no site da Agência FAPESP.