Pesquisadores do Hemocentro RP publicam artigo sobre os avanços da terapia celular CAR-NK

A terapia celular com células CAR-NK é uma abordagem inovadora que permite inúmeras possibilidades no campo do tratamento do câncer. A engenharia genética de células NK para expressar diferentes construções CAR em cânceres hematológicos e tumores sólidos mostrou resultados pré-clínicos promissores que atualmente são explorados em diversos ensaios clínicos.

Saiba mais no artigo “Engineering CAR-NK cells: how to tune innate killer cells for cancer immunotherapy” publicado em janeiro pelos pesquisadores do Laboratório de Biotecnologia do Hemocentro de Ribeirão Preto.

Estudo apoiado pelo CTC-USP abre novas perspectivas para o tratamento do melanoma

O melanoma é a forma mais letal de todos os tipos de câncer de pele. Ele surge a partir de mutações nos melanócitos, células que produzem a melanina, multiplicando-se de forma anormal e podendo adquirir a capacidade de invadir outros tecidos de maneira agressiva. Neste cenário, um grupo de moléculas regulatórias tem demonstrado papel importante no desenvolvimento e progressão do melanoma, são os RNAs longos não-codificadores (lncRNAs), alvo de estudo do biólogo Ádamo Siena, doutor em Genética pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP) e integrante da equipe coordenada pelo Prof. Dr. Wilson Araújo da Silva Jr., pesquisador principal do Centro de Terapia Celular (CTC-USP).

Os lncRNAs são moléculas de RNA com mais de 200 nucleotídeos, incapazes de gerar proteínas e com habilidade de influenciar processos celulares por meio de diversos mecanismos. Desde 2013, Siena busca entender como é a relação entre a expressão desregulada de lncRNAs e a progressão tumoral entre amostras dos principais grupos do melanoma: melanócitos normais, melanoma primário e melanoma metastático. Para isso, foram utilizados experimentos, como o sequenciamento de nova geração (RNA-Seq) de linhagens celulares de melanoma e análises de bioinformática.

Os dados iniciais do trabalho resultaram em um artigo publicado em 2019, na revista Scientific Reports. “Naquela oportunidade, foi demonstrado pela primeira vez que o lncRNA ZEB1-AS1 estava desregulado no melanoma, possuía uma forte correlação com o processo de invasão e, em dados de pacientes, apresentava maior expressão em amostras metastáticas quando comparadas com melanoma primário”, explica Siena.

Cerca de metade de todos os casos de melanoma apresentam mutação no gene BRAF, responsável por produzir uma enzima quinase que está envolvida na via de sinalização MAPK/ERK. Essa mutação produz uma alteração que pode impactar diversos aspectos tumorais. Por esses motivos, esta alteração é alvo de vários estudos para controle do melanoma, sendo que a primeira droga para o tratamento de pacientes com este tipo de mutação foi aprovada em 2011 e ficou conhecida como vemurafenib. Os resultados iniciais deste tratamento foram animadores. Porém, foi observado que os pacientes tratados com vemurafenib passaram a adquirir resistência ao fármaco alguns meses depois, levando ao retorno e progressão da doença. Desde então, esforços foram realizados para buscar moléculas e vias regulatórias que possam estar envolvidas na resistência adquirida pelo melanoma.

O mais recente artigo do pesquisador sobre o tema “Upregulation of the novel lncRNA U731166 is associated with migration, invasion and vemurafenib resistance in melanoma“, foi publicado em janeiro pelo Journal of Cellular and Molecular Medicine.

O estudo revelou um novo lncRNA associado ao melanoma e à resistência ao vemurafenib: o lncRNA U73166, nunca descrito com alguma relevância biológica em câncer ou qualquer outra patologia. Este lncRNA está mais expresso em amostras de melanoma (tanto primário quanto metastático) quando comparado com melanócitos, e possui níveis de expressão baixíssimos em tecidos normais, com exceção do tecido de testículo normal.

“O fato de possuir alta expressão em melanoma e baixa em melanócitos e tecidos normais pode dar indícios de que o lncRNA U73166 seria um ótimo candidato como biomarcador ou como alvo terapêutico para combate da doença”, destaca o biólogo. Além disso, um dos experimentos realizados foi o silenciamento da expressão do lncRNA U73166 em linhagens celulares de melanoma. Assim, foi demonstrado que amostras com menor expressão possuíam menor capacidade de migração e invasão, processos fundamentais no desenvolvimento e evolução de tumores, inclusive do melanoma. “Ou seja, há uma associação entre o aumento da expressão do lncRNA U73166 com o aumento destes dois processos fundamentais para a progressão tumoral”.

Os cientistas também utilizaram amostras de melanoma não resistentes ao vemurafenib e que foram tratadas com concentrações crescentes deste fármaco para se tornarem resistentes. Análises de dados posteriores permitiram a observação de que a expressão do lncRNA U73166 aumentou aproximadamente 10x em um indivíduo, após adquirir resistência ao fármaco.

Deste modo, o estudo abre espaço para um novo candidato na busca por uma melhor terapia para o tratamento do melanoma. No futuro, o lncRNA U73166 poderá ser explorado como um biomarcador para o melanoma e investigado para o monitoramento da resistência adquirida ao vemurafenib.

Vaga de mestrado em bioinformática no Hemocentro RP

O Hemocentro de Ribeirão Preto oferece uma vaga de mestrado na área de bioinformática, com bolsa da FAPESP. A oportunidade integra o projeto “Avaliação do impacto de vírus emergentes e reemergentes em hemoterapia e transplante de células-tronco por meio de técnicas moleculares avançadas”, conduzido pelo grupo de metagenômica do Hemocentro RP, sob a coordenação do Dr. Svetoslav Nanev Slavov.

Os interessados devem encaminhar carta de interesse, currículo Lattes atualizado e duas referências para o e-mail: svetoslav.slavov@hemocentro.fmrp.usp.br ou svetoslav.slavov@butantan.gov.br, até o dia 03 de março.

O objetivo geral é avaliar a composição do viroma em vários grupos de pacientes com doenças e nos doadores de sangue. Assim, além de ter uma melhor visão sobre os agentes virais que infectam pacientes imunossuprimidos, a pesquisa busca alternativas para entender a epidemiologia molecular dos vírus infectantes e melhorar o manejo clínico desses patógenos.

O candidato deve ter graduação em ciências biológicas, biomédicas, farmacêuticas, ou correlacionadas, domínio básico de técnicas moleculares de sequenciamento, amplificação de ácidos nucleicos, além de bom trabalho em equipe. É desejável conhecimentos básicos na área de bioinformática e estatística básica.

Os requisitos e benefícios da bolsa de mestrado da FAPESP estão disponíveis no site www.fapesp.br/bolsas/ms.

Estão abertas as inscrições para alunos no Adote Online da Casa da Ciência

O programa “Adote Online” começa as atividades do 1º semestre no dia 10 de março, às 14h30, no canal do YouTube da Casa da Ciência do Hemocentro de Ribeirão Preto. Estudantes de 13 a 18 anos, cursando entre o 7º ano do Ensino Fundamental e o 3º ano do Ensino Médio, de todas as regiões do país estão convidados a participarem!

As inscrições vão até o dia 06 de março e devem ser realizadas pelo formulário disponível no link: https://bit.ly/3oi9cBP.

A iniciativa vai trazer uma série de vídeos gravados pelos pós-graduandos e docentes do campus da USP de Ribeirão Preto. Os palestrantes apresentarão conceitos das áreas em que atuam e solicitarão uma pequena tarefa no final de cada encontro virtual.

Ao todo, serão 15 dias de atividades e um dia de finalização do semestre. Para receber o certificado do programa, o aluno deve enviar no mínimo 80% das tarefas solicitadas.

Clique aqui para mais informações ou entre em contato pelo WhatsApp: (16) 98829-2065 e e-mail: contato@casadaciencia.com.br.

A Casa da Ciência iniciou as atividades em 2001, como parte do Centro de Terapia Celular (CTC-USP), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) apoiados pela FAPESP.