O Cinema é uma grande janela em que podemos enxergar de perto o mundo, seja ele real ou fantástico. Os filmes estão entre os meios mais divertidos para entendermos a nossa sociedade ou até outras formas de vida. E tudo isso é Ciência, pois tudo isso é conhecimento.
O “Ciência com Pipoca” chegou a sua segunda edição convidando o público para quatro sessões diferentes e inovadoras no Senac de Ribeirão Preto, nos dias 20 e 21 de outubro. Na sexta-feira as sessões foram realizadas às 14 e 19 horas, já no sábado elas aconteceram às 14 e 16 horas.
O objetivo do evento é utilizar trechos de filmes, séries e documentários para ligar ideias e conceitos científicos abordados nas apresentações. O enredo é dinâmico e cativante, igual às suas histórias favoritas, e os narradores são professores e pesquisadores universitários.
O evento é uma realização do Instituto de Estudos Avançados da USP, Polo Ribeirão Preto (IEA-RP), Centro de Pesquisas em Doenças Inflamatórias (CRID), Centro de Terapia Celular (CTC) e Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da USP São Carlos (ICMC-USP).
Uma das iniciativas de maior impacto no tratamento do diabete tipo 1 é desenvolvida na Unidade de Terapia Celular do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, em colaboração com o Centro de Terapia Celular (CTC).
Para aprofundar a discussão do tema, o CTC em parceria com o Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) realizou o seminário “Terapia Celular no diabete melito: onde estamos?”.
O encontro foi realizado no dia 25 de setembro, no Salão de Eventos do Centro de Tecnologia da Informação de Ribeirão Preto (CeTI-RP) no campus da USP em Ribeirão Preto.
No Brasil 18 milhões de pessoas sofrem com diabete, o número cresceu 62% só na última década. Cerca de 90% dos casos são de diabete do tipo 2, que ocorre por resistência à ação da insulina e tem a obesidade entre as principais causas.
Os casos restantes são de diabete tipo 1, uma doença autoimune que leva o sistema imunológico a atacar o pâncreas do paciente, destruindo as células beta, que produzem insulina.
O trabalho em Ribeirão Preto foi idealizado pelo pesquisador Júlio Voltarelli e passou a ser conduzido por um grupo de pesquisadores que incluem a Profa. Dra. Maria Carolina de Oliveira Rodrigues e o endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri que ministraram o seminário.
O estudo mostrou na primeira fase, entre 2003 e 2011, avanços no tratamento que incluíram a suspensão do uso de insulina em alguns pacientes ou a redução das injeções diárias.
Foram abordados no encontro: terapia com células-tronco, implante de células pancreáticas artificiais, bombas eletrônicas de insulina, aplicação por via oral ou nasal e monitoramento da glicemia por escaneamento.
O Hemocentro de Ribeirão Preto sediou o 1º Workshop on Sickle Cell Disease Research, no dia 15 de setembro, no Anfiteatro vermelho.
O evento foi organizado pelo Centro de Terapia Celular (CTC USP), com participações de pesquisadores internacionais da Université Sorbonne-Paris-Cité, do INSERM (Institut National de la Santé et de la Recherche Médicale), da USP e UNESP.
A USP e a renomada universidade francesa estabelecem uma forte cooperação acadêmica em várias áreas do conhecimento. Em 2015 foi criada uma Rede de Pesquisa Internacional em Hematologia envolvendo professores, pesquisadores e alunos de pós-graduação para o desenvolvimento de projetos em anemia falciforme, transplante de medula óssea e falência hematopoética.
Um artigo publicado na revista científica Scientific Reports, do grupo Nature, apresenta importantes avanços no estudo do início do processo de Inativação do cromossomo X durante o desenvolvimento embrionário humano.
O trabalho foi realizado por um grupo coordenado pelas geneticistas docentes do Instituto de Biociências da USP: Lygia da Veiga Pereira, chefe do Laboratório Nacional de Células-Tronco Embrionárias (LaNCE USP) e pesquisadora principal do Centro de Terapia Celular (CTC USP), e Maria Vibranovski, Jovem Pesquisadora e chefe do laboratório de Genômica Evolutiva.
Apesar de terem dois cromossomos X, fêmeas de mamíferos inativam um deles em suas células, um processo chamado inativação do cromossomo que compensa a diferença de dosagem de genes no X entre machos XY e fêmeas XX.
Este processo é um exemplo extremo de controle epigenético, onde um cromossomo inteiro é inativado, ou seja, seus genes não são expressos. Em camundongos, o processo começa no início do desenvolvimento embrionário, quando as células da massa celular interna do blastocisto começam a se diferenciar. Neste momento, cada célula escolhe aleatoriamente um X a ser inativado e todas as células descendentes manterão esse mesmo X inativo.
“Nosso grupo resolveu investigar essa questão em humanos utilizando ferramentas genômicas que, em vez de poucos genes, pudessem olhar para todo o cromossomo X ao mesmo tempo. Afinal, o comportamento de poucos genes pode não refletir o comportamento do cromossomo como um todo”, explica Pereira.
Por acontecer durante o desenvolvimento embrionário, a inativação do cromossomo X foi pouco estudada em humanos.
“Em 2013, o sequenciamento de RNA de células únicas (scRNAseq) estava começando, e como tínhamos acesso a embriões humanos pré-implantação por causa do projeto de derivação de linhagens de células-tronco embrionárias, começamos a investigar a possibilidade de fazer scRNAseq de embriões humanos. Porém, na época a única plataforma existente para fazer as bibliotecas de células únicas ainda não estava disponível no Brasil. Consultamos colegas nos EUA sobre a possibilidade de fazermos colaborações, mas além das dificuldades técnicas de enviar células únicas de embriões humanos para fora, os custos dos reagentes eram muito altos”, conta a pesquisadora.
Para superar estas dificuldades o grupo contou com o auxílio da bioinformática, por meio de uma parceria com a Profa. Maria Vibranovski. As pesquisadoras trabalharam com dados de sequenciamento de embriões humanos publicados por um grupo chinês.
Outra contribuição importante levantada pelo estudo foi a contestação da hipótese do X dampening, publicada no ano passado na revista científica Cell e que desde de sua divulgação era aceita como verdade.
Um grupo de pesquisadores suecos identificou em embriões humanos a compensação de dose X entre machos XY e fêmeas XX, mas não detectou inativação de um cromossomo X. Assim, eles propuseram que a compensação de dose se dava pela redução dos níveis de expressão dos dois cromossomos X nas fêmeas, esse processo foi batizado de X dampening.
“Realizamos um experimento de bioinformática para testar a hipótese do X dampening: se houvesse mesmo dampening, a média da expressão dos genes expressos dos dois cromossomos X deveria diminuir durante o desenvolvimento. Nossa análise mostrou que isso não acontece: essa média varia, mas não diminui significativamente, argumentando contra o dampening”, conta Pereira.
O grupo provou que a inativação do cromossomo X começa no estágio de blastocisto, mas atingindo ainda poucos genes no X. O trabalho mostrou ainda pela primeira vez durante o desenvolvimento embrionário humano o surgimento de uma segunda forma de compensação de dosagem, entre o único X ativo e os autossomos.
“Temos dois de cada autossomo e somente um X ativo. Ohno (1967) propôs que o único X seria super-expresso para compensar essa desvantagem numérica em relação aos autossomos. Nós mostramos que essa super-expressão não acontece nos embriões pré-implantação, mas está presente em linhagens de células-tronco embrionárias humanas”, destaca Pereira.