Hemocentro RP e Instituto Butantan vão desenvolver projeto-piloto para o combate ao câncer

O Hemocentro de Ribeirão Preto e o Instituto Butantan foram escolhidos pela Anvisa para serem responsáveis pelo projeto-piloto para o desenvolvimento de produtos de terapia avançada, voltados ao tratamento de pacientes portadores de leucemias e linfomas, com o uso de células CAR-T. A divulgação foi realizada no último dia 13/01 pela agência reguladora e também inclui a participação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

A terapia é um dos tratamentos mais avançados da ciência no combate ao câncer e já se mostrou capaz de causar remissão da doença. As células de defesa do paciente são modificadas em laboratório para aprender a eliminar a patologia. Depois, são recolocadas no organismo, potencializando o combate natural do corpo contra a leucemia ou o linfoma.

O diferencial da iniciativa é o foco total na disponibilização do produto final para a população brasileira via SUS, já que em instituições privadas este tipo de tratamento pode chegar a mais de 2 milhões de reais.

Esse é o objetivo do Programa de Terapia Celular, iniciativa da Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto, do Butantan, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP). Os estudos serão realizados pelos centros Nutera – Ribeirão Preto e Nutera – São Paulo. Esses dois núcleos serão as primeiras instalações a produzir a terapia CAR-T em escala, totalmente no Brasil.

Doença – De acordo com o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), vinculado ao Ministério da Saúde, só em 2022 foram diagnosticados mais de 10 mil casos novos de leucemia, sendo 5.920 em homens e 4.890 em mulheres. Atualmente, essa doença ocupa a 9ª posição nos tipos de câncer mais comuns em homens e a 11ª em mulheres.

Em relação aos linfomas, um estudo do Observatório da Oncologia identificou mais de 90 mil casos da doença entre 2010 e 2020, prevalecendo o linfoma não-Hodgkin (74%), e um aumento de 26,8% de óbitos entre 2010 e 2019. O levantamento observou que o número de casos de linfoma não-Hodgkin duplicou nos últimos 25 anos, especialmente no grupo etário acima de 60 anos.

Projeto – O principal objetivo da Anvisa na implantação do projeto-piloto é promover suporte regulatório aprimorado e intensificado aos desenvolvedores nacionais de forma a contribuir e acelerar o processo de estabelecimento destes produtos, por meio de uso e experimentação de ferramentas regulatórias disponíveis e inovadoras para controle de riscos, avaliação de benefícios, de comprovação de segurança, eficácia e qualidade. A premissa é a busca por estratégias de otimização dos produtos investigacionais e consequentemente a aprovação destas terapias avançadas de forma célere, ampliando as oportunidades e criando um mercado competitivo.

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Atividades de extensão apoiadas pelo CTC-USP são destaque no mês de janeiro

O Centro de Terapia Celular (CTC-USP) apoiou em janeiro duas importantes iniciativas na área de extensão: o Ciência por Elas e a II Semana da Imunoterapia. Os eventos,  promovidos de 23 a 28/01, foram focados nos estudantes do Ensino Básico.

O Ciência por Elas é voltado para as meninas e busca despertar o interesse pela carreira científica e assim alcançar um maior número de pesquisadoras no futuro. Participaram da organização o Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto da USP, onde os encontros foram realizados presencialmente, o CTC-USP, o Laboratório de Tratamento Avançado de Água e Efluentes (OXLAB) da Unicamp, o Ilha do Conhecimento e o Laboratório de Controle do Metabolismo da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP.

Já a II Semana da Imunoterapia é uma ação de extensão comunitária dos projetos de pesquisa desenvolvidos no Hemocentro de Ribeirão Preto, organizada em parceria com a Casa da Ciência. O curso contou com aulas online e bate-papo ao vivo com cientistas da Instituição. As atividades foram transmitidas no canal do YouTube da Casa da Ciência.

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Pesquisa inovadora utiliza machine learning no diagnóstico de síndromes de falência da medula óssea

Uma parceria internacional envolvendo pesquisadores do National Institutes of Health (NIH-EUA), da USP e do CTC-USP desenvolveu um algoritmo de machine learning para orientar o diagnóstico de falência da medula óssea, com impacto em casos graves de pacientes com pancitopenia. A doença causa uma redução do número de eritrócitos, leucócitos e plaquetas no sangue e pode se manifestar com sintomas de anemia, leucopenia e trombocitopenia.

Essa importante inovação é tema de um artigo publicado no periódico “Blood”, da American Society of Hematology, a principal revista de hematologia no mundo. O trabalho contou com a colaboração do Prof. Dr. Rodrigo Calado, chefe do Departamento de Imagens Médicas, Hematologia e Oncologia Clínica da FMRP-USP, diretor presidente executivo do Hemocentro de Ribeirão Preto e pesquisador principal do CTC-USP.

O estudo “Differential diagnosis of bone marrow failure syndromes guided by machine learning”, divulgado no dia 21/12, está disponível no link: https://doi.org/10.1182/blood.2022017518.

O modelo representa um guia prático para o diagnóstico de falência da medula óssea e destaca a importância de variáveis clínicas e laboratoriais na avaliação inicial, principalmente o comprimento dos telômeros. Segundo os pesquisadores, a ferramenta pode ser potencialmente usada por hematologistas, profissionais de saúde e em centros com poucos recursos, com foco em testes genéticos ou para tratamento rápido de pacientes.

A técnica pode auxiliar na melhor decisão clínica. De acordo com os autores, o diagnóstico errado pode expor os pacientes a terapias ineficazes e caras, regimes de condicionamento de transplantes tóxicos e uso inapropriado de um membro da família como doador de Células-Tronco.

O machine learning é um método de análise de dados que automatiza a construção de modelos analíticos. É um ramo da inteligência artificial baseado na ideia de que sistemas podem aprender com dados, identificar padrões e tomar decisões com o mínimo de intervenção humana.

Evento promovido pela USP de Ribeirão Preto incentiva meninas a seguirem carreira científica

Uma pesquisa apresentada em dezembro de 2022 pelo British Council em parceria com a Unesco mostrou que a América Latina conquistou a paridade de gênero na ciência, com as mulheres representando 46% do total de pesquisadores da região. Porém, elas ainda enfrentam desigualdades no acesso a essa carreira, principalmente considerando os estudos em STEM (sigla em inglês para Ciência, Tecnologia, Engenharias e Matemática).

Para despertar o interesse de meninas pela carreira científica e assim alcançar um maior número de pesquisadoras no futuro, o Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto da USP, em parceria com o Laboratório de Tratamento Avançado de Água e Efluentes (OXLAB) da Unicamp e o Centro de Terapia Celular da USP, sedia entre os dias 23 e 28 de janeiro a quarta edição do Ciência Por Elas.

As inscrições são gratuitas e devem ser feitas até o dia 16/01, neste link, por pais ou responsáveis. O evento é voltado para meninas que estejam cursando do 6º ao 9º ano do ensino fundamental e haverá reserva de 50% das vagas para pretas e pardas. Elas vão participar de atividades teóricas e práticas com pesquisadoras de instituições como USP, Unicamp e Fiocruz, mostrando os trabalhos desenvolvidos em diversas áreas do conhecimento. A programação completa e mais informações estão disponíveis aqui. Não é obrigatório participar de todas as atividades e haverá envio de certificado de participação.

A organização do evento também conta com o grupo de divulgação científica Ilha do Conhecimento e o Laboratório de Controle do Metabolismo da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP. O apoio é da Associação de Cultura Brasil Estados Unidos.