Evento discute ciência, cinema e literatura durante Feira do Livro de Ribeirão Preto

E se você pudesse unir cinema e literatura para conhecer um pouco mais sobre ciência? É exatamente com essa proposta que o Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP, o Centro de Terapia Celular (CTC) e o Centro de Pesquisas em Doenças Inflamatórias (CRID) se uniram à Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto para trazer, durante a programação da 18ª Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto, o Cine-Literatura.
 
A iniciativa é fruto de outro projeto das três unidades, o Ciência com Pipoca, que é realizado desde 2016 com o objetivo de discutir temas ligados a ciência utilizando trechos de filmes e séries. Para a Feira Nacional do Livro, as apresentações foram baseadas em filmes adaptados ou inspirados em livros.
 
Ao todo foram três palestras, nos dias 21, 23 e 25 de maio, às 9h, na Biblioteca Padre Euclides (Rua Visconde de Inhaúma, 490, Centro).
 
Na primeira, os professores mestres Caio de Castro e Freire, Michele Dayane Facioli Medeiros e Rafael Gil de Castro discutiram a imagem do cientista que o cinema e a literatura retratam, baseando-se em obras como FrankensteinJurassic Park, De Volta para o Futuro, entre outras. Na segunda palestra, o professor da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFLCRP) da USP Ribeirão Preto Marco Antonio de Almeida comentou os impactos da obra Neuromancer, que não apenas revolucionou a literatura de ficção científica como trouxe um novo gênero, o cyberpunk. Por último, o doutorando do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP São Carlos Diego Renan Bruno abordou filmes sobre a dependência dos humanos em relação às máquinas e debateu se essas obras representam apenas contextos de ficção científica ou se podem se tornar realidade.
 
A programação completa da 18ª Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto está disponível no site fundacaodolivroeleiturarp.com.
 

Produção de células-tronco humanas auxiliam no avanço das pesquisas com a Doença de Chagas

O uso de células-tronco pluripotentes (CTPs) humanas pode ser uma importante ferramenta para auxiliar nas pesquisas com doenças comuns no Brasil, como a Doença de Chagas. Esta alternativa foi proposta pela pesquisadora Lygia da Veiga Pereira junto a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-RJ) e já apresenta resultados relevantes.

O artigo “Trypanosoma cruzi infection of human induced pluripotent stem cell-derived cardiomyocytes: an in vitro model for drug screening for Chagas disease”, foi publicado na plataforma Science Direct (Elsevier) e está disponível no link: https://goo.gl/eamKEa.

Dra. Lygia da Veiga Pereira

A Profa. Dra. Lygia da Veiga Pereira é pesquisadora principal do Centro de Terapia Celular (CTC) da USP e coordenadora do Laboratório Nacional de Células-Tronco Embrionárias (LaNCE) da USP.

A doença de Chagas é uma doença parasitária causada pelo protozoário flagelado Trypanosoma cruzi, sendo a cardiomiopatia chagásica crônica uma importante manifestação clínica da doença. A incidência é mais recorrente em locais onde o inseto triatomíneo (Barbeiro) é encontrado, com regiões endêmicas na América do Sul e América Central, mas com a migração populacional esta doença já atinge países da Europa e América do Norte.

O grupo coordenado pela pesquisadora Mirian Claudia Souza Pereira, do Laboratório de Ultraestrutura Celular da Fiocruz, trabalha com o estudo da interação T. cruzi-célula hospedeira, utilizando culturas de cardiomiócitos (células musculares que compõe o músculo cardíaco) de camundongos como modelo experimental. Os cardiomiócitos isolados não sobrevivem ao subcultivo, o que torna o processo trabalhoso e repetitivo.

“A estratégia foi apresentar o modelo de cardiomiócito humano proveniente de CTPs para estudo da interação Trypanosoma cruzi-célula hospedeira e sua aplicação na triagem de compostos com atividade tripanocida promissora, visando também avaliar a cardiotoxicidade”, explica a Dra. Mirian Pereira.

Segundo a Dra. Lygia da Veiga Pereira, com as CTPs é possível gerar quantidades ilimitadas de cardiomiócitos humanos, sem precisar de corações murinos e de onde retirá-los.

“As células foram enviadas para a Fiocruz, onde eles realizavam os experimentos de infecção. Num segundo momento, foi avaliada também a capacidade de estudar drogas contra o parasita nessas células. Podemos agora pensar em várias perguntas dentro da área de Chagas que poderiam ser investigadas com as células cardíacas humanas, incluindo interação parasita-célula e a validação de drogas identificadas em células animais”, explica a pesquisadora.

As células-tronco pluripotentes utilizadas foram produzidas pela empresa Pluricell, financiada pelo programa FAPESP de Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE). Para a Dra. Lygia da Veiga Pereira é importante que grupos de pesquisa possam adquirir as células diferenciadas comercialmente para seus experimentos, sem ter que estabelecer em seus laboratórios toda a metodologia complexa de cultivo e diferenciação das células.

O estudo conclui que o modelo de cardiomiócitos humanos contribuirá para avanços no entendimento da biologia de interação do Trypanosoma cruzi com a célula alvo de infecção. O fato do modelo estar disponível comercialmente é um ponto facilitador na condução de novas pesquisas nesta área.

Pesquisa aponta o transplante de células-tronco como importante alternativa no tratamento do diabetes tipo 1

Estudo relacionado ao transplante de células-tronco para o tratamento do diabetes tipo 1 mostra melhora da qualidade de vida dos pacientes, deixando boa parte deles livres de insulina. O trabalho também aponta redução do risco de sequelas quando comparados com pacientes submetidos ao tratamento tradicional.

Os dados pertencem a uma pesquisa publicada recentemente na revista Frontiers of Endocrinology, realizada por pesquisadores do Centro de Terapia Celular (CTC-USP), Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP), Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

Dr. Carlos Eduardo Barra Couri

O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune que acomete mais comumente crianças e adolescentes. Os pacientes precisam de várias injeções diárias de insulina para sobreviver, juntamente com medição de glicose.

A Federação Internacional de Diabetes (IDF) aponta que o Brasil é o terceiro colocado no mundo em número de pessoas com diabetes tipo 1, cerca de 100 mil crianças e adolescentes.

As doenças autoimunes se desenvolvem porque o sistema imunológico (anticorpos, linfócitos, etc.) reconhece um determinado órgão como inimigo, isto faz com que o organismo tente se auto destruir.

Segundo o médico endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri, o racional do transplante de células-tronco para o diabetes tipo 1 é o reset imunológico. “Neste nosso estudo, os pacientes têm o sistema imunológico desligado quase completamente com altas doses de quimioterapia e reiniciado do zero, com infusão, pela veia, de células-tronco da medula óssea do próprio doente (que haviam sido previamente coletadas e congeladas, antes do início do procedimento), explica o pesquisador.

Após o procedimento o sistema imunológico para de agredir as células produtoras de insulina localizadas no pâncreas.

Durante os estudo foram comparados 24 pacientes que participaram do transplante de células-tronco no Hospital das Clínicas da FMRP-USP, com 144 pacientes com diabetes tipo 1 seguidos por médicos endocrinologistas e que fazem tratamento convencional com insulina. Os doentes que utilizaram o tratamento convencional integram um grande banco de dados chamado BRAZDIAB1, com informações de mais de 5 mil pessoas de todo o Brasil.

Dra. Maria Carolina de Oliveira

As atividades foram realizadas durante 8 anos, com o pareamento dos grupos. Todos os pacientes tinham diabetes tipo 1 recém-diagnosticado. 

“Quando comparamos os dados vimos que 84% dos doentes que se submeteram ao transplante ficaram livres das picadas de insulina em algum momento. A pessoa com maior tempo livre de insulina neste estudo estava há 8 anos sem usar o remédio. No outro grupo, nenhum paciente em tratamento convencional ficou livre de insulina. Além disso, quando se avaliou sequelas do diabetes nos olhos, rins e nervos dos pés, o grupo transplantado não apresentou problemas, diferentemente de 25% do grupo com tratamento convencional”, destaca Couri. 

A equipe de transplante de células-tronco do Hospital das Clínicas da FMRP-USP é pioneira mundialmente no uso de células-tronco em humanos com diabetes. O primeiro paciente foi incluído no fim de 2003 e transplantado em início de 2004.

As pesquisas continuam

Os pesquisadores seguem recrutando pacientes para pesquisas com células-tronco na área. Os critérios iniciais de inclusão são idade entre 18 e 35 anos e ter diabetes tipo 1 há menos de 6 semanas.

Os interessados devem entrar em contato com o Dr. Carlos Eduardo Barra Couri pelo e-mail ce.couri@yahoo.com.br ou pelo site http://transplantardai.com.br.

Ribeirão Preto recebe a terceira edição do Pint of Science

Fake news, terceirização, febre amarela, robótica e futebol. Você consegue encontrar um ponto comum entre esses assuntos? Pois saiba que eles serão alguns dos aperitivos que o Pint of Science, um festival internacional de divulgação científica, vai servir nos dias 14, 15 e 16 de maio, das 19h30 às 21h, em quatro bares de Ribeirão Preto.

O evento, que neste ano será realizado em 20 países e mais de 50 cidades brasileiras, propõe aproximar a população da ciência, levando pesquisadores para conversar sobre temas atuais em ambientes descontraídos, como bares e restaurantes. Em Ribeirão Preto, este já é o terceiro ano do festival.

A programação local inclui 12 debates que acontecem simultaneamente em quatro locais: Lund, Invicta, Cervejarium e Bar do Português. A entrada no evento é gratuita, o público só paga o que consumir nos estabelecimentos durante os bate-papos. A recomendação é que os interessados cheguem com antecedência, já que não serão realizadas inscrições ou reserva de mesas.

A organização local do evento é feita pelo Centro de Terapia Celular da USP, Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto da USP e Centro de Pesquisa em Doenças Inflamatórias da USP.

A programação completa e mais informações estão disponíveis no site http://pintofscience.com.br/events/ribeiraopreto.